GenZ e Boomers. Nós, os inadequados.
- MARCO ANTONIO VIEIRA SOUTO
- 5 de dez. de 2024
- 3 min de leitura

Recentemente publiquei no LinkedIn síntese de um estudo feito pela Intelligent.com com 966 líderes de negócios nos Estados Unidos que mostrava quão desafiadora está sendo a relação das corporações com a Geração Z.
Segundo o estudo, falta motivação ou iniciativa para 50% da amostra, falta de capacidade de comunicação para 39%, falta de profissionalismo para 46%, dificuldades com feedback, 38% e habilidades inadequadas de solução de problemas aparecia com 34%.
A pergunta que o debate acalorado nos comentários trouxe foi sobre onde está o ponto crítico: nos profissionais que chegam agora ao mercado, com visão de mundo, expectativas, certezas próprias ou nas empresas que continuam seguindo os padrões de sempre na contratação e análise de profissionais.
Olhando assim, parece que esta geração Z vai ter muitos problemas. Duvido. A demanda por profissionais qualificados é imensa e serão eles, os profissionais da GenZ que ocuparão prioritariamente estes pontos de trabalho.
Ao mesmo tempo, outro estudo, voltado para entendimento do comportamento de compras na Black Friday, mostrou um retrato, a meu ver, bem distinto dessa “geração sem habilidades adequadas para solução de problemas”. Trouxe este item porque me parece o mais absurdo de todos os pesquisados.
O estudo, “Desvendando a Geração Z”, realizada pela Tastemakers e publicada no Meio e Mensagem, mostrou que “os membros da geração Z (pessoas nascidas entre 1997 e 2012) adotam um comportamento mais conservador no momento das compras e tendem a pesquisar bastante sobre os produtos que desejam antes de concluir a aquisição.”
Este comportamento mais racional já traz um novo olhar para o segmento. E vamos mais.
A pesquisa aponta que “consciência é a palavra-chave do comportamento: 47% dos pesquisados afirmam que só compram algum produto quando, de fato, precisam de algo específico.”
O mais curioso destas análises geracionais é que elas insistem em traçar perfis genéricos tomando como base a data de nascimento e não o comportamento, a capacidade de lidar com diferentes fontes de informação e relacionamento, a visão de mundo, propósito e por aí afora.
Nessa obtusa visão de mundo é que se dá o encontro da GenZ, que “não lida bem com feedback e está desmotivada” com os chamados Boomers, rótulo, também genérico para os nascidos entre 1946 e 1964.
Os Boomers, por motivos distintos, também são vistos como inadequados para o mercado de trabalho. Ora por falta de experiência, preconceituosamente, no quesito tecnologia. Ora por serem caros em termos salariais. Ora porque a empresa empregadora quer se ver e ser vista como “moderna”.
Não existe nada mais moderno que entender a longevidade como a grande e atual onda de oportunidade da humanidade, faço questão de ressaltar.
O encontro dos dois grupos, nós, os inadequados, é a solução virtuosa que está na cara das corporações que enquanto continuarem na modernidade retrógrada de não ouvirem, conversarem, entenderem o que faz uma pessoa se motivar, vai ser deixada de lado e nada irá mudar: críticas de um lado, rotatividade aumentada, gap de liderança.
Intergeracionalidade é o nome do jogo que as empresas terão que aprender.
Sim, somos inadequados. Fomos criados no início da contracultura, no meio da primavera de 68, de movimentos e lutas que mudaram a cara do mundo.
Sim, somos inadequados. Não queremos mais produtos e marcas que não sejam responsáveis, empregos que não sejam claros em relação ao propósito. Sobrevivemos a maior ameaça conjunta da humanidade desde a Segunda Guerra Mundial e o início da era atômica.
Inadequado é buscar no futuro a reprise com data nova do passado.
Somos inadequados e pensamos e vivemos e questionamos o status quo porque, como dizia Belchior, “o passado é uma roupa que não nos serve mais”.
Marco Antonio é Head Estratégia do Grupo Dreamers; LinkedIn for Creators; Mentor Top2You; Conselheiro Escola de Gente e planeta.com; Mentor; ebook Economia Prateada; Investidor Fusion Ventures; TopVoice Gestão de Marcas e Estratégia Criativa
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